Devaneio
O meu trabalho hoje reflete a busca por um amadurecimento na forma de abordar o processo criativo na concepção do objeto. O processo que antes partia da pesquisa de formas e da construção de uma narrativa simbólica baseada nas mesmas, hoje busca encontrar e relacionar tais formas e simbolismos com um aprofundamento do que significa ser humano, brasileiro, criar neste país, as responsabilidades que isso traz e por onde as referências, cruzam, permeiam e carregam a subjetividade do meu olhar. Então, penso que:
Formas nem sempre são só formas. É preciso saber ler, sentir, interpretar e usá-las. Faço referência, principalmente à tradição funcional dos povos - originários ou diaspóricos - habitantes do território e formadores da cultura que herdei e que compõe minhas referências. Aqui, a forma segue a função não só material, mas também simbólica.
Aqui, muitas vezes, a concepção do objeto é carregada de sentidos. Atribuir valor simbólico a um objeto faz mais do que simplesmente dar continuidade a uma tradição. A ritualística da criação é importante e firma um posicionamento: atribuir profundidade à criação de um objeto enfrenta a banalidade nociva de uma lógica de produção consumista. Busca-se criar objetos duráveis e de valor imaterial superior ao seu valor material .
É intenção, portanto, também exercitar a criação como linguagem. O projetar funcional é elemento fundamental da identidade de um povo e, quando consciente de ser cultura, torna-se ferramenta fundamental na proposição de novos caminhos e no registro das temáticas contemporâneas através do fazer artístico.
O mau design é anacrônico.
Opulência e exclusividade, expressas num objeto através de materiais raros ou escassos e valores pouco acessíveis nada tem a ver com as demandas impostas à sociedade global deste século.
O mau criador é autocentrado.
É preciso cuidado na era da imagem e da influência;
Acredito que o fazer criativo deve cada vez mais estar associado a ideia da construção do bem comum.
É preciso inaugurar um novo momento no design de produtos, onde os projetos se baseiem em princípios para além daqueles estéticos ou puramente funcionais, mas que também se comprometam a atender com verdade as demandas do tempo em que vivemos.
É impossível criar objetos e não pensar como se encaixam no contexto socioambiental do mundo que farão parte.
É inconcebível não se responsabilizar pelos materiais utilizados, sua origem, destino e propósito.
É impossível viver e produzir neste planeta visando apenas o lucro e atender apenas uma única parcela da população.
É possível construir um mundo mais justo, mais saudável, e neste momento, o design e a arte são ferramentas fundamentais na proposição de novos caminhos, novos olhares. Por isso, é importante falar a todos e se fazer disponível - desencastelar-se.
O mundo pede a dissolução do ego das vanguardas.
O diálogo precisa ser desierarquizado.
Ainda há tempo.
É intenção, portanto, também exercitar a criação como linguagem. O projetar funcional é elemento fundamental da identidade de um povo e, quando consciente de ser cultura, torna-se ferramenta fundamental na proposição de novos caminhos e no registro das temáticas contemporâneas através do fazer artístico.
O mau design é anacrônico.
Opulência e exclusividade, expressas num objeto através de materiais raros ou escassos e valores pouco acessíveis nada tem a ver com as demandas impostas à sociedade global deste século.
O mau criador é autocentrado.
É preciso cuidado na era da imagem e da influência;
Acredito que o fazer criativo deve cada vez mais estar associado a ideia da construção do bem comum.
É preciso inaugurar um novo momento no design de produtos, onde os projetos se baseiem em princípios para além daqueles estéticos ou puramente funcionais, mas que também se comprometam a atender com verdade as demandas do tempo em que vivemos.
É impossível criar objetos e não pensar como se encaixam no contexto socioambiental do mundo que farão parte.
É inconcebível não se responsabilizar pelos materiais utilizados, sua origem, destino e propósito.
É impossível viver e produzir neste planeta visando apenas o lucro e atender apenas uma única parcela da população.
É possível construir um mundo mais justo, mais saudável, e neste momento, o design e a arte são ferramentas fundamentais na proposição de novos caminhos, novos olhares. Por isso, é importante falar a todos e se fazer disponível - desencastelar-se.
O mundo pede a dissolução do ego das vanguardas.
O diálogo precisa ser desierarquizado.
Ainda há tempo.
O meu trabalho hoje reflete a busca por um amadurecimento na forma de abordar o processo criativo na concepção do objeto. O processo que antes partia da pesquisa de formas e da construção de uma narrativa simbólica baseada nas mesmas, hoje busca encontrar e relacionar tais formas e simbolismos com um aprofundamento do que significa ser humano, brasileiro, criar neste país, as responsabilidades que isso traz e por onde as referências, cruzam, permeiam e carregam a subjetividade do meu olhar. Então, penso que:
Formas nem sempre são só formas. É preciso saber ler, sentir, interpretar e usá-las. Faço referência, principalmente à tradição funcional dos povos - originários ou diaspóricos - habitantes do território e formadores da cultura que herdei e que compõe minhas referências. Aqui, a forma segue a função não só material, mas também simbólica.
Aqui, muitas vezes, a concepção do objeto é carregada de sentidos. Atribuir valor simbólico a um objeto faz mais do que simplesmente dar continuidade a uma tradição. A ritualística da criação é importante e firma um posicionamento: atribuir profundidade à criação de um objeto enfrenta a banalidade nociva de uma lógica de produção consumista. Busca-se criar objetos duráveis e de valor imaterial superior ao seu valor material .
Bernardo Alves é designer autodidata, e vive no Rio de Janeiro, Brasil.
Com foco em design de mobiliário, sua abordagem multidisciplinar está profundamente relacionada a referências antropológicas e de artes visuais.
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Bernardo Alves is a self-taught designer recognized by the Parsons School of Design and the Istituto Marangoni-Milano.
With a focus on furniture design, his multidisciplinary approach ranges from photography and graphic design to sculpture.